quarta-feira, abril 22, 2009

"Olhe desculpe, você é dos secos ou dos molhados?"


No Verão de 1989, vinha eu a descer as escadas do Ritz Club atrás de 2 amigos - todos nós "responsáveis" (ops... se calhar devia ter escrito isto sem aspas...) da JCP ou do PCP - e todos perdidos de bêbados. Como sou o último a sair, fecho a porta. E ouço, nas minhas costas, um dos meus amigos perguntar: você é dos secos ou dos molhados? Virei-me e vi que ele estava a perguntar isso a 1 de 3 polícias que por ali passavam. O polícia não lhe ligou nenhuma, continuou a descer a rua, mas o meu amigo foi atrás do dito agente da autoridade, melgando: "vá lá, diga lá, você é dos secos ou dos molhados?". Eu, que só observo e nunca faço nada (como vocês sabem), observava e não fazia nada.
Foi a minha sorte.

O bófia, depois de muito provocado, vira-se: dá duas cacetadas no amigo que fez a pergunta. O outro tenta intermediar, diz que o jovem perguntador tá muita bêbado, mas o policial não quer saber e dá-lhe quatro cassetadas com a parte metálica do casse-tete. Olha para mim, mas vê que eu sou o cromo mais pequeno da colecção e pensa que não valho a pena (e pensa muito bem, aliás).

Ficam os meus dois amigos com nódoas negras, eu aparvalhado, e o senhor agente a descer a rua para ir ter com os colegas de profissão.
Mas o melhor estava para vir: ao fundo da rua, vira-se para nós e diz, alto e bom som: já agora fiquem a saber que sou dos molhados!
Isto aconteceu mesmo. No tempo em que aconteciam coisas, o pessoal andava na rua e ainda não existiam blogues.

Moral da estória? Durante algum tempo, quem encontrava o amigo perguntador, perguntava-lhe: então, és dos secos ou dos molhados? Ah ah ah!...

Ah, pois, a verdadeira moral da estória: hoje (20 anos depois) parece que não evoluímos muito. É pena. E dá que pesnsar: quem me garante que as próximas cacetadas não vão ser para quem não as merece (mas numa escala maior e fora de brincadeiras)?

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